Poema de Segunda #1

Havia um menino
que por ser menino
um dia percebeu
que as pessoas tinham
grande beleza e grande brilho
quando punham a sua alma ao léu.

Músicos, bailarinos
pessoas, artistas,
eram tão mais bonitas
se caladas pudessem ser vistas...

O menino desejou
que nunca mais falassemos, e acompanhassemos,
a arte.

Com toda a gente a cantar todos os dias,
não haviam mais pessoas frias.

E o mundo calado,
passava a ser parte de algo iluminado.

Mas como era só um menino
não percebeu
que o mundo estava longe do céu.

As pessoas não só falarão,
como têm predesposição
para o humano, feiarrão.

Pela primeira vez,
o menino pensou em morrer.

A morte seria
para separar a carcaça fria
da alma a arrefecer.

Toda a gente iria então
ver a sua habilidade
e por continuidade,
a beleza em questão.

Mas no céu
toda a gente sabia
que o corpo já não existia
e que toda a gente era igual.

A história acaba aqui
com o menino a chorar
e com questões
que dariam que pensar,
a alguém que estivesse calado
de alma e papo pr'o ar.